quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Opinião: Eu Dou-te o Sol - Jandy Nelson



Jude e o seu irmão gémeo Noah são inseparáveis. Aos 13 anos, Noah é um jovem tímido e solitário que adora desenhar. Jude, pelo contrário, é extrovertida, tagarela e sociável. Três anos mais tarde, tudo se altera. Jude e Noah mal falam um com o outro. Um trágico acontecimento afetou os gémeos de forma dramática… Até que Jude conhece Guillermo Garcia na Escola das Artes, um escultor ousado e bem-parecido que vai ter um papel determinante na vida dos irmãos. O que os gémeos não sabem é que cada um deles conhece somente metade da história das suas vidas e, se conseguirem reaproximar-se, terão a oportunidade de reconstruir o seu mundo.


(Cuidado com os spoilers!!!)

Aqui há um mês olhei para este livro e perguntei-me porque é que ele não estava na minha tbr quando tem uma capa tão linda. Por isso, arranjei uma sample e li as primeiras páginas. Escusado será dizer que as páginas que li só ajudaram, porque passado pouco tempo descobri que havia em português e comprei-o logo.

Não podia estar mais contente com esta compra, porque adorei este livro do fundo do meu coração.

Em Eu Dou-te o Sol acompanhamos a vida dos irmãos gémeos, Jude e Noah: o Noah narra a história quando ambos tinham 13-14 anos enquanto a Jude narra os acontecimentos presentes, aos 16 anos. A escrita que acompanha esta história foi o que me conquistou primeiro - é uma escrita linda, muito artística e figurativa, mas não em demasia, ou seja, continuamos a perceber perfeitamente como são as coisas na realidade e o que é que o Noah e a Jude querem dizer quando começam a dizer coisas malucas e sem sentido aparente. Para além disso, a escrita também transmite muito bem as suas personalidades, que por vezes parecem muito parecidos e noutras vezes parecem completos opostos.

A história não é nada de espectacular; é, até, algo previsível, apesar de ter pontos originais e engraçados que me fizeram esquecer um pouco a previsibilidade. O que eu gosto bastante neste livro é como as vidas das personagens estão todas interligadas e emaranhadas.

E, agora, o melhor deste livro: as personagens. Começamos por conhecer o Noah, um rapaz que, aos 13 anos, já é um pintor genial, quer no papel quer na sua mente, onde guarda um museu invisível com imagens e mais imagens que "pinta" nos seus pensamentos. Foi ele quem esteve mais próximo de ser a minha personagem favorita neste livro (eu gosto de todas por isso é realmente muito difícil escolher) - adorei a sua diferença, o facto de ele preferir ser diferente, original e ele mesmo em vez de pôr "retardante de chamas" e ser normal; adorei a sua luta interior, os seus erros e os seus defeitos. Também adorei a sua relação com a irmã e também a que teve com o Brian.

Quando passamos para a parte em que os gémeos têm 16 anos parece estar tudo ao contrário: a Jude é a esquisita, o Noah o normal, o Brian desapareceu e a mãe deles está morta. Gostei muito mais da Jude aos 16 anos do que aos 13, mas é a Jude que aparece no final do livro que eu gosto mesmo - forte, decidida, uma Jude que se "soltou da pedra" e que engloba todas as outras de modo a que seja o mais "ela própria" possível.

Quanto às personagens secundárias: o Oscore é uma personagem super estranha, caótica e interessante e gostava de ter visto um pouco mais dele; o Guillermo "é o tipo de homem que quando entra numa sala as paredes caem", um escultor incrível que vive com a dor da perda, um homem feroz, mas que mostra ser muito mais que isso, mostra ter tanta emoção e tanta complexidade apesar do seu aspecto assustador e adorei-o por isso; os pais do Noah e da Jude também são muito interessantes, com os seus defeitos, mas também com as suas inúmeras qualidades, mostram que as pessoas nunca são tão perfeitas quanto pensamos e que isso nem sempre importa (ninguém é perfeito, não é?); gostava que o Brian também tivesse aparecido mais, todavia nas ocasiões em que apareceu, fiquei sempre muito contente, não só pela sua relação com o Noah, mas também porque tem uma personalidade única, apesar de por vezes parecer "normal".

Tal como as personagens, este livro tem as suas qualidades e defeitos, mas neste caso, até gostei da maioria dos defeitos. O que posso dizer? Não é possível escolher que livros vamos ou não gostar, mesmo que tenhamos consciência de que não são perfeitos.

Vou certamente reler este livro e recordar estas personagens e as suas histórias durante muito tempo. Se gostam de romance contemporâneo, nomeadamente young adult, têm mesmo mesmo de ler este livro.

My Rating: 10/10

Sem comentários:

Enviar um comentário