sábado, 21 de fevereiro de 2015

O Poço da Ascensão (Mistborn 2#) - Brandon Sanderson

Alcançaram o impossível: o mal que governara o mundo pela força do terror foi derrotado. Mas alguns dos heróis que lideraram esse triunfo não sobreviveram, e eis que surge uma nova tarefa de proporções igualmente gigantescas: reconstruir um novo mundo. Vin é agora a mais talentosa na arte e técnica da Alomância e decide reunir forças com os outros membros do bando de Kelsier para ascender das ruínas de um passado vil.

Venerada ou perseguida, Vin sente-se desconfortável com o peso que carrega sobre os ombros. A cidade de Luthadel não se governa sozinha, e Vin e os outros membros do bando de Kelsier aprendem estratégia e diplomacia política enquanto lidam com invasões iminentes à cidade.

Enquanto o cerco a Luthadel se torna cada vez mais apertado, uma lenda antiga parece oferecer um brilho de esperança: o Poço da Ascensão. Mas mesmo que exista, ninguém sabe onde se encontra nem o poder que contém… Resta a Vin e aos seus amigos agarrar esta fonte de esperança e conseguir garantir o seu futuro e futuro de Luthadel, cumprindo os seus sonhos e os sonhos de Kelsier.



Escusado será dizer que vai haver muuuuitos spoilers.

Começando pelo mais fácil de comentar: o mundo. Este é um mundo simples, mas ao mesmo tempo vasto. Não é difícil de nos habituarmos às mudanças de governo do Império Final para este livro. É uma transição natural acompanhada por um evoluir dos sistemas de magia e por um aumento de complexidade, tanto nas religiões, como nos governos, acontecimentos e personagens. 

O rumo da história em si também foi um rumo esperado. O que aconteceu depois de tomado esse rumo é que foi... bem... wow. Primeiro aparece um exército, depois outro, depois mais um com monstros azuis que ou sentem indiferença ou uma imensa fúria e poder destrutivo. Se isso não bastasse surgem uma série de complicações das quais eu não vou falar porque são mesmo muitas. E no final, depois de tudo parecer resolver-se, acontece uma reviravolta que, para ser totalmente sincera, não estava nada à espera. Pensei que surgissem outros problemas independentes do Poço da Ascensão, em vez do Poço libertar o 'problema' - e de ser a Vin a literalmente pôr a pata na poça. 

A escrita do autor é bastante acessível mas tem uma elegância subjacente, ligada também ao mundo fantástico, que eu gosto bastante. O autor consegue captar muito bem o factor épico da história e também o seu factor profético e religioso na sua escrita. 

Finalmente, chegámos às personagens:

- A Vin não pára de crescer, não só em termos da confiança nos seus amigos, como no modo como ultrapassa as suas inseguranças. E nunca deixa de ser imperfeita. Alguns tomam-na como uma figura divina mas ela é apenas humana, tal como era Kelsier, tal como era o Senhor Soberano. E o facto de, apesar de ser humana e apesar dos seus falhanços, continuar a ser badass e uma heroína espectacular só me faz gostar mais dela. O que vejo acontecer com muitas heroínas é que deixam-se engolir pelas suas inseguranças e, do nada, percebem o que estavam a fazer mal. A Vin não. Pode aperceber-se dos erros que fez e rectificá-los; todavia continua a errar, mesmo que com a melhor das intenções. E o que faz das personagens de um livro perfeitas e humanas são, realmente, as suas imperfeições.

- Tenho de admitir que fiquei a gostar mais do Elend com este livro. Ele ganhou muita confiança em si mesmo (primeiro com ajuda e depois mais gradualmente sozinho) e tornou-se num rei digno do seu nome e da cidade de Luthadel. Quanto ao facto de ele se ter tornado nascido das brumas, isso só me deixa mais ansiosa para saber como ele vai reagir à situação. O romance entre ele e a Vin é um pormenor no livro que também adoro - não seria eu uma romântica. 

- Adorei o Brisa neste livro. Adorei que o autor lhe tenha dado o 'spotlight' por alguns momentos. Ele tornou-se numa das minhas personagens favoritas, pelas mesmas razões que eu gosto tanto da Vin - é arrogante e supostamente má pessoa, mas lá no fundo tem um coração bom. E mesmo quando pensa que está a ser cobarde continua a ajudar as pessoas. Também dá para perceber que ele é mais um moralizador para as pessoas à sua volta do que um manipulador. É certo que ele não deixa de ser um manipulador, mas ele até que é bonzinho e, no geral, uma das minhas personagens favoritas. 

- O Sazed transforma-se completamente neste livro. Passou de passivo a amargo, mas não deixa de ser uma personagem da qual eu gosto muito. Tantas religiões e ele não é capaz de acreditar em nenhuma. Encontra o amor e depois perde-o. Pensa que desvendou o segredo do Poço e acaba percebendo os erros cometidos por todos eles. Mal posso esperar como ele vai evoluir.

- Todas as outras personagens - o Ham, com menos das suas discussões filosóficas; o Coxo, que no final mostrava mais aquilo que verdadeiramente sentia; o Dockson, que apesar do seu ódio pelos nobres continuou a lutar pelo sonho do Kelsier; o Marsh, que se torna um Inquisidor sem alma; o Zane, que talvez não fosse louco (e que talvez não esteja morto - afinal, tinha um espigão no peito, não é?), o Susto, o Straff, etc. Todos eles são personagens únicas e fascinantes. Até o Kelsier influenciou a história, mesmo depois de morto, não só devido à Igreja do Sobrevivente como devido ao modo como marcou os seus amigos. (I know, he's awesome, right?)

Bem penso que não haja muito mais a dizer para além de que estou mortinha pelo próximo!

My Rating: 10/10 

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